O amor é a ação que é boa, bela e verdadeira. E celebrar a vida através das festas do ano, de forma única e significativa, faz-nos sentir plenos, e é uma vivência de amor. No cuidar e educar os nossos filhos, temos a oportunidade de cultivar e renovar as suas forças e fazer o amor prosperar no mundo.
Desta feita, é nosso dever festejar, festejar a vida, festejar o amor!
Por isso vamos celebrar que é primavera, e vamos preparar uma linda festa de Pentecostes.
Pentecostes, tal como o nome indica, é uma festa que se realiza 50 dias após a Páscoa, sempre num domingo. E, na segunda-feira seguinte.
Na Páscoa, as crianças vivenciam a procura, a transformação de algo interior, e agora, na Festa de Pentecostes, vivenciam o divino e o que de mais puro há em nós. Isto é feito através do sentido de comunidade, de nos abrirmos para o mundo, de percebermos e trabalharmos para e com o outro, de compreendê-lo no nosso coração e conviver harmoniosamente com as suas diferenças. E do percebemos que estamos unidos uns aos outros, esta é uma festa que pretende abrir as portas para o futuro da humanidade.
Uma festa, em que a base está na união com o próximo, que nos faz compreender que só com o outro podemos nos desafiar e crescer interiormente, que nos mais pequenos e simples atos, podemos vislumbrar e exercitar o que nos faz ser humanos, a fraternidade, a compaixão e o amor ao próximo.
A cor do Pentecostes é o branco, que quer iluminar tudo e todos, e o seu símbolo é uma pomba branca. Em Pentecostes a luz torna-se para o homem, o fruto do seu agir.
Nunca nos fez tanto sentido esta festa, como neste ano. Em que depois do da pandemia, muitos de nós , cada vez mais se virou para si mesmo. Por isso, está na hora de abrir portas e janelas, para que o ar fresco entre e nos ilumine e aqueça. Como podemos preservar uma comunidade, uma sociedade, uma cultura, se não partilharmos com os demais, como poderemos crescer sem o outro? Precisamos do outro, de aprender com o outro.
Por isso vamos lá preparar a nossa festa!
Neste dia de festa, vestimo-nos todos de branco.
Podemos preparar um lindo e diferente almoço branco, como sopa de alho-francês, massa com couve-flor e natas, gelado de nata, biscoitos em forma de pombas, pipocas e tudo o que a vossa imaginação vos permitir.
Antes do almoço, e num momento solene, a pessoa mais velha de casa, num lindo recipiente, com água, umas gotas de alfazema e uns malmequeres, lava e limpa cuidadosamente as mãos de cada membro da sua família, encaminhando-os para a mesa de refeição. Este momento será mais bonito se estiverem a meia luz, e se o acompanharem com alguma canção alusiva à época. Depois de todos estarem sentados na mesa, e com as suas mãos purificadas, cada um acende uma vela, ao dizer um pequeno poema, à vez e de uma vela central já acesa no centro da mesa.
O poema:
“Brilha luzinha,
Brilha tão brilhante
Brilha luzinha com toda a tua força
Faz-me Bom
Faz-me Corajoso
Faz com que a minha palavra seja de ouro”
Ou
” Luz do Alto,
Chama Viva
Dá-me Vida.
Faz-me forte
Faz-me Firme
Faz-me Ouro
Puro Brilho”
Existem outros poemas, também eles adequados a esta época festiva.
Por fim, todos juntos, podem fazer uma pomba branca, em feltro, em lã feltrada ou em papel.
No jardim de infância Waldorf, festejamos esta linda festa da seguinte forma:
Todo o ambiente da casa está cálido. As salas estão “enfeitadas” de branco: flores brancas, cadeiras brancas, mesa com toalha branca, cortinados brancos, pombas brancas. Todas as crianças e adultos, também estão vestidos de branco.
O almoço é branco, e o lanche a meio da manhã será pipocas, e um bolo enfeitado de branco.
Na mesa redonda da sala, está uma vela branca grande circundada por doze velas brancas mais pequenas, mas altas, (representam a ligação do Homem com o espírito). Estas velas poderão estar colocadas em 12 castiçais brancos ou em 12 castiçais com 12 cores diferentes. (Representam os 12 apóstolos e os 12 meses do ano) Também se poderá ter uma vela para cada pessoa e uma central.
A casa deve ser enfeitada com flores, que se compõe de várias pétalas, mas que nascem num mesmo espaço, como por exemplo, malmequeres.
No dia de Pentecostes, de manhã, todas as crianças reúnem-se com os seus educadores. Ao som da música que os adultos cantam juntamente com as crianças, as educadoras lavam as mãos de cada criança, com água tépida perfumada com lavanda, e colocam-lhes coroas brancas e enfeitadas com malmequeres, dirigindo-as depois para os seus lugares na mesa, no interior da sala.
As crianças entram na sala silenciosamente, ou ao som de um instrumento, e a vela central da mesa já está acesa, cada criança senta-se no seu lugar. Depois de todos estarem ao redor da mesa, e com a ajuda da educadora, após dizerem o poema, cada uma acende a vela.
Quando todas as velas estão acesas, a educadora volta a sentar-se no seu sítio, e começa a contar o conto que escolheu para este dia. Em creche pode-se fazer apenas um jogo de dedos ou simplesmente cantar à luz das velas.
Depois do Conto, volta-se a cantar, a educadora oferece pombas brancas num raminho de oliveira a cada criança e apagam-se as velas, uma a uma. A vela central só é apagada quando as crianças já estão fora da sala.
O acender das velas deveria acontecer pelo menos três vezes: no domingo de Pentecostes, na segunda – feira e no domingo seguinte.
De seguida juntamo-nos no jardim, a comer pipocas e o bolo. O resto dia decorre normalmente.
Em muitas escolas são soltadas pombas brancas com desejos para a humanidade!
É uma linda festa de luz, calor, amor, muita alegria e dedicação à atuação social.
Celebração no primeiro ao sexto ano nos Países Baixos
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